Maria Dalva de Oliveira, 52 anos, é catadora há 11 anos e tem consciência da importância ambiental do trabalho que realiza - FÁBIO ROGÉRIO |
Reciclar e reutilizar são verbos que fazem parte da rotina de Maria Dalva de Oliveira, de 52 anos. Catadora há 11 anos, dos quais cinco deles na Coreso, ela não só ajuda a tirar aquilo que pode ser reciclado da casa das pessoas como também recolhe muita coisa que reaproveita em sua própria casa. E, no caso de Dalva, a palavra "muita" não é exagero. Basta entrar no pequeno imóvel, em Votorantim, para ela contar que quase tudo o que tem lá dentro ela ganhou, recolheu e reaproveitou. "Daqui eu só comprei os jogos de quarto, o fogão e a máquina de lavar roupas", conta.
A casa, cheia de utensílios de cozinha, móveis, eletrodomésticos, enfeites e quadros já foi vazia quando, no passado, ela saiu de uma área verde para morar no local. "Vivi num barraco, tudo apodreceu com o tempo e acabou quebrando na mudança. Não tinha quase nada", diz, no meio de uma cozinha toda equipada. "Tenho orgulho do que eu tenho, das minhas coisas." Porém, no caso de Dalva, o orgulho não vem do fato de ter comprado tudo aquilo - "eu não tenho nenhuma prestação", diz - mas de ter reutlizado. Ela diz ter consciência sobre a importância ambiental do trabalho que realiza e do fato de aproveitar aquilo que não serve mais para os outros. "Tem coisas que não podem ser jogadas no aterro. Isso desgraça o planeta inteiro."
Além de recolher para uso próprio, Dalva se tornou uma espécie de intermediária entre aqueles que querem se desfazer de algo e os que precisam. "Se eu ganho uma coisa e sei que alguém está necessitando, eu dou para outra pessoa." No dia da entrevista, três sacos enormes contendo roupas ocupavam sua cozinha. "Isso aqui já sei para quem eu vou dar, é alguém que precisa e vem buscar na sexta-feira." O ganhar a que Dalva se refere acontece em razão das amizades que a catadora fez na década que trabalha nas ruas. Os moradores dos bairros pelos quais ela passa já a conhecem e fazem questão de separar com carinho aquilo que não vão mais usar. "Esse microondas eu recolhi, a televisão, o bebedouro, esses vasos...", aponta.
Fora esse privilégio de ser lembrada pelas pessoas, Dalva conta que os caminhões que chegam todos os dias aos galpões da Coreso, depois de percorrer as ruas da cidade, quase sempre trazem surpresas. Isso porque muita gente deixa utensílios de cozinha, brinquedos e até roupas embalados dentro dos sacos. Segundo ela, tudo isso é reaproveitado, seja para uso da própria cooperativa ou de algum deles em especial, que leva para casa. Dalva lamenta que muita gente comece a trabalhar com recicláveis sem conhecer a realidade desse mercado. "Às vezes a pessoa vende muito barato, não conhece o valor do material e não valoriza o seu trabalho."
* Compre apenas o que realmente precisa
* Conserte itens ainda em condição de uso
* Certifique-se da origem dos produtos que você adquirir
* Troque aparelhos eletrônicos apenas se necessário
* Consuma mais produtos orgânicos e de produtores locais
* Escolha aparelhos mais econômicos no consumo de energia elétrica
* Troque ou doe produtos que não lhe sirvam mais
* Evite o desperdício de materiais, como papel, em sua casa ou trabalho
* Recicle tudo o que puder - de aparelhos eletrônicos ao lixo do dia a dia
* Incentive outros a seguir o seu exemplo e ajude a salvar o planeta
* Só use a mangueira quando necessário. Regue o jardim e, se tiver que lavar a calçada, aproveite a água da chuva ou, ainda, use a água da máquina de lavar ou do tanque de lavar roupa
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