domingo, 6 de julho de 2014

ESVAZIAMENTO DA REPRESA DO CUBATÃO INTRIGA MORADORES

Notícia publicada na Gazeta de Votorantim de 05/07/2014. Reportagem de Eduardo Gouveia

O reservatório vazio hoje e como estava em março de 2012. 
Fotos Eduardo Gouveia e Wilson Grillo Jr.





O repentino esvaziamento da represa do Cubatão, localizada no alto da Serra de São Francisco na cidade de Votorantim, que até há poucos anos atendia a região da Vila Nova Votorantim, causou estranheza aos frequentadores e moradores daquela área. Mesmo com o período de estiagem, eles não entendem como a barragem pode ter ficado praticamente seca, mesmo recebendo constante fluxo de água através uma vertente com água de nascentes.

A reportagem da Gazeta de Votorantim esteve no local nesta semana e confirmou a situação da barragem, onde apenas no meio se concentrava um pequeno volume de água. Ao olhar mais atentamente, notou-se que ali existe um mecanismo por onde a água é sugada. Em volta, há várias marcas de pneus, possivelmente de tratores, denunciando a intervenção humana.

Acompanhado de sua esposa e neta em um passeio à represa, o motorista aposentado Euclides Queiroz, de 70 anos, diz não entender para onde vai a água que che-ga ao local. Ele explica que há dois meses o reservatório estava cheio. “Não acredito que tenha secado. Acreditamos que soltaram a água por baixo da parede para o pessoal não vir nadar. Em três meses esvaziou muito rápido”, conta.

Em janeiro deste ano, um jovem de 22 anos morreu afogado no local e seu corpo foi localizado pelo Corpo de Bombeiros alguns dias depois, a quatro metros de profundidade, próximo ao paredão.

Na edição nº 4, de fevereiro de 2013, a Gazeta de Votorantim noticiou que haviam ligações irregulares na adutora ligada à represa que abastece os moradores da chamada Estrada da Ventania.

Dona de uma chácara na região, que é abastecida pela água da represa, a empresária Nilva Pinto da Silva conta que antes a água vinha em abundância, mas que nos últimos meses começaram os problemas de escassez e a água começou a chegar muito suja. “Tive que lavar a caixa d´água umas três vezes”, conta. Inclusive no momento que nossa reportagem conversava com a moradora, as torneiras da propriedade estavam secas.

A empresa Águas de Votorantim afirmou em nota que “deixou de fazer a captação logo após assumir o sistema de abastecimento do município, uma vez que a Estação de Tratamento de Água (ETA) Vila Nova, que captava água do local, foi desativada”. A empresa explicou ainda que “antes de assumir o sistema, chácaras instaladas no bairro já faziam captação na represa, o que, possivelmente, esteja ocasionando o desvio da água pelo mecanismo mencionado.” A concessionária ainda acrescenta que não é a responsável pela represa do Cubatão e “que por tratar--se de uma represa localizada em área particular, a Águas de Votorantim não tem nenhuma ingerência”, concluiu.

Por telefone, a presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Município de Votorantim (AGERV), Lucélia Ferrari, afirmou que os moradores daquela região não encontram-se na área urbana e por isso não recebem água tratada.

Sobre o impacto ambiental que a seca provocou, o secretário municipal do Meio Ambiente, Carlos Alberto Leite, explicou que os animais que se utilizavam da água devem ter migrado para outros locais. Ele ressaltou ainda que não é de competência da pasta fazer o monitoramento da fauna.

Questionada, a Secretaria municipal de Comunicação informou que a referida área pertence à Prefeitura Municipal de Votorantim.

Histórico

De acordo com o jornalista e pesquisador Cesar Silva, a Barragem do Cubatão foi inaugurada em 07 de março de 1971. A placa comemorativa à inauguração foi descerrada pelo então prefeito de Votorantim, Luiz do Patrocino Fernandes, prefeito de Sorocaba, Crespo Gonzales e deputado Armando Pannunzio. A Barragem do Cubatão foi construída inicial-mente para suprir os bairros do Rio Acima e Vila Dominguinho. Programada para armazenar 260 milhões de litros d’água, o seu custo para a municipalidade ficou em Cr$500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros). Em 2003, a represa possuía uma vasão de 12 litros/segundo e abastecia a ETA da Vila Nova, que disponibilizava água tratada para o bairro e adjacências.

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