domingo, 11 de maio de 2014

DOIS MANANCIAIS DE SOROCABA PODEM FICAR COMPROMETIDOS COM A FALTA DE CHUVA

Notícia publicada na edição de 11/05/14 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 004 do caderno A, André Moraes

Represas de Ipaneminha e do Éden são responsáveis pelo abastecimento de 40% da cidade


A estiagem deste ano vem se tornando cada vez mais crítica e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) revela que se a chuva não vier nas próximas semanas, os níveis de dois mananciais que atendem 40% da cidade poderão ficar comprometidos. A autarquia informa que se preocupa com as represas de Ipaneminha e do Éden (Pirajibu), mas ainda não fala em racionamento, somente alerta para a conscientização da população para evitar desperdícios. A situação do clima não é muito favorável, já que não chove há 21 dias na cidade e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que essa situação deverá se estender até, pelo menos, a próxima semana.

De acordo com o Saae, os níveis dos mananciais de Ipaneminha e Éden ainda não estão críticos e continuam captando 400 e 250 litros de água por segundo, respectivamente, conforme outorga do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee). Como uma possível solução, caso a seca continue, a autarquia deverá se utilizar de represamentos particulares existentes nas duas regiões para suprir a falta de água nas represas.

Mas, além disso, o Saae também cita a conscientização da população, já que para que o volume de água dessas duas represas não diminua tanto, os munícipes precisam evitar desperdícios. Sobre o volume total de consumo de água na cidade, a autarquia revela que não têm ocorrido alterações significativas. Porém, ressalta que vem realizando campanhas de conscientização. O Saae ainda descarta a possibilidade de adotar ações de incentivo ou punição para quem consome menos ou mais água, "visto que essas ações exigem previsão orçamentária e regulamentação."

Apesar dessa preocupação com os mananciais de Ipaneminha e Éden, o Saae relata que o principal manancial que abastece a cidade, a represa de Itupararanga, não apresenta riscos de comprometer o envio de água às torneiras de 60% dos sorocabanos. A autarquia explica que o manancial está em propriedade do Grupo Votorantim, cuja operação é responsabilidade da empresa Votorantim Energia. "Em todas as últimas consultas realizadas junto aos seus responsáveis, inclusive em reunião realizada na terça-feira (06/05), a informação tem sido a de que, mesmo com a estiagem, o volume de água necessário para o abastecimento público está garantido", informa a nota enviada pela assessoria de imprensa.

Sem chuvas

O cenário meteorológico não é favorável à situação do abastecimento de água. A última chuva registrada em Sorocaba ocorreu no dia 19 de abril, ou seja, há 21 dias. Porém, a mais significativa, em volume de água, ocorreu no dia 14 de abril, quando choveu 124 milímetros.

Como estamos em uma estação em que, historicamente, não possui muitas previsões de chuvas, a tendência é que essa seca se prolongue ainda mais nos próximos meses, informa a meteorologista do Inmet, Neide Oliveira. Segundo ela, a falta de chuvas deve perdurar até, pelo menos, o mês de agosto, pois, até lá, o tempo é predominado por duas estações consideradas secas, que seriam o outono e o inverno. "Nesse período só ocorrem chuvas com passagens de frentes frias ou alguma instabilidade que se forma", explica a meteorologista. Portanto, somente quando chegam as estações mais quentes, a primavera e verão, que são esperadas chuvas mais significativas.

Para os próximos dias, a previsão não é nada positiva. Ela informa que uma frente fria chegou anteontem à região, que poderia trazer chuvas, porém, somente deixará o tempo um pouco mais nebuloso. "Provoca uma queda nas temperaturas, mas chuva que é bom nada", afirma.

O que torna essa situação ainda mais agravante é que o verão deste ano foi bastante seco, não só em Sorocaba, mas em boa parte do Estado de São Paulo. Segundo as medições do Inmet, desde o começo do ano, os totais de chuvas esperadas para cada mês não foram atingidos na cidade. Em janeiro, que é um mês considerado bastante chuvoso, eram esperados 273 milímetros (mm) de chuva, porém, só atingiu 112. Em fevereiro, a previsão era de um registro de 160 mm de chuvas, mas somente chegou a 76 mm. Em março, o Inmet calculava que seriam 131 mm de chuvas, mas o registro oficial chegou apenas a 89,7 mm. Abril foi o único mês que superou a expectativa, que seriam de 64 mm. Choveu na cidade 146 mm. Mas isso não é motivo de comemoração, segundo a meteorologista, já que somente uma chuva registrou 124 mm naquele mês. "Mesmo com esses números, o mês foi bastante seco, porque só tivemos chuvas em quatro dias. O ideal é que esses 124 mm fossem distribuídos por todo o mês", explica.

Chuvas estimadas e registradas em Sorocaba

Mês Previsão de chuva (em milímetros) Chuvas registradas (em milímetros)
Janeiro 273 112
Fevereiro 160 76
Março 131 89,7
Abril 64 146
Maio 77 0*

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)

*Contagem até o dia 9 de maio.


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