Represas de Ipaneminha e do Éden são responsáveis pelo abastecimento de 40% da cidade
A estiagem deste ano vem se tornando
cada vez mais crítica e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae)
revela que se a chuva não vier nas próximas semanas, os níveis de dois
mananciais que atendem 40% da cidade poderão ficar comprometidos. A
autarquia informa que se preocupa com as represas de Ipaneminha e do
Éden (Pirajibu), mas ainda não fala em racionamento, somente alerta para
a conscientização da população para evitar desperdícios. A situação do
clima não é muito favorável, já que não chove há 21 dias na cidade e o
Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que essa situação
deverá se estender até, pelo menos, a próxima semana.
De acordo
com o Saae, os níveis dos mananciais de Ipaneminha e Éden ainda não
estão críticos e continuam captando 400 e 250 litros de água por
segundo, respectivamente, conforme outorga do Departamento de Águas e
Energia Elétrica (Daee). Como uma possível solução, caso a seca
continue, a autarquia deverá se utilizar de represamentos particulares
existentes nas duas regiões para suprir a falta de água nas represas.
Mas, além disso, o Saae também cita a conscientização da população, já
que para que o volume de água dessas duas represas não diminua tanto, os
munícipes precisam evitar desperdícios. Sobre o volume total de consumo
de água na cidade, a autarquia revela que não têm ocorrido alterações
significativas. Porém, ressalta que vem realizando campanhas de
conscientização. O Saae ainda descarta a possibilidade de adotar ações
de incentivo ou punição para quem consome menos ou mais água, "visto que
essas ações exigem previsão orçamentária e regulamentação."
Apesar dessa preocupação com os mananciais de Ipaneminha e Éden, o Saae
relata que o principal manancial que abastece a cidade, a represa de
Itupararanga, não apresenta riscos de comprometer o envio de água às
torneiras de 60% dos sorocabanos. A autarquia explica que o manancial
está em propriedade do Grupo Votorantim, cuja operação é
responsabilidade da empresa Votorantim Energia. "Em todas as últimas
consultas realizadas junto aos seus responsáveis, inclusive em reunião
realizada na terça-feira (06/05), a informação tem sido a de que, mesmo
com a estiagem, o volume de água necessário para o abastecimento público
está garantido", informa a nota enviada pela assessoria de imprensa.
Sem chuvas
O cenário meteorológico não é favorável à situação do abastecimento de
água. A última chuva registrada em Sorocaba ocorreu no dia 19 de abril,
ou seja, há 21 dias. Porém, a mais significativa, em volume de água,
ocorreu no dia 14 de abril, quando choveu 124 milímetros.
Como
estamos em uma estação em que, historicamente, não possui muitas
previsões de chuvas, a tendência é que essa seca se prolongue ainda mais
nos próximos meses, informa a meteorologista do Inmet, Neide Oliveira.
Segundo ela, a falta de chuvas deve perdurar até, pelo menos, o mês de
agosto, pois, até lá, o tempo é predominado por duas estações
consideradas secas, que seriam o outono e o inverno. "Nesse período só
ocorrem chuvas com passagens de frentes frias ou alguma instabilidade
que se forma", explica a meteorologista. Portanto, somente quando chegam
as estações mais quentes, a primavera e verão, que são esperadas chuvas
mais significativas.
Para os próximos dias, a previsão não é
nada positiva. Ela informa que uma frente fria chegou anteontem à
região, que poderia trazer chuvas, porém, somente deixará o tempo um
pouco mais nebuloso. "Provoca uma queda nas temperaturas, mas chuva que é
bom nada", afirma.
O que torna essa situação ainda mais
agravante é que o verão deste ano foi bastante seco, não só em Sorocaba,
mas em boa parte do Estado de São Paulo. Segundo as medições do Inmet,
desde o começo do ano, os totais de chuvas esperadas para cada mês não
foram atingidos na cidade. Em janeiro, que é um mês considerado bastante
chuvoso, eram esperados 273 milímetros (mm) de chuva, porém, só atingiu
112. Em fevereiro, a previsão era de um registro de 160 mm de chuvas,
mas somente chegou a 76 mm. Em março, o Inmet calculava que seriam 131
mm de chuvas, mas o registro oficial chegou apenas a 89,7 mm. Abril foi o
único mês que superou a expectativa, que seriam de 64 mm. Choveu na
cidade 146 mm. Mas isso não é motivo de comemoração, segundo a
meteorologista, já que somente uma chuva registrou 124 mm naquele mês.
"Mesmo com esses números, o mês foi bastante seco, porque só tivemos
chuvas em quatro dias. O ideal é que esses 124 mm fossem distribuídos
por todo o mês", explica.
Chuvas estimadas e registradas em Sorocaba
Mês | Previsão de chuva (em milímetros) | Chuvas registradas (em milímetros) |
Janeiro | 273 | 112 |
Fevereiro | 160 | 76 |
Março | 131 | 89,7 |
Abril | 64 | 146 |
Maio | 77 | 0* |
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)
*Contagem até o dia 9 de maio.
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