Com status de romaria, evento religioso tem saída marcada para as 4h de amanhã, em trajeto de 20 quilômetros
O que traz as pessoas até aqui com certeza é a fé, afirma
Beto Zen, organizador da caminhada - ALDO V. SILVA
"Baixará
como a chuva sobre a relva, como aguaceiros que regam a terra. Em seus
dias será a paz, duradoura como a lua." O trecho de fé explícita foi
retirado de uma bíblia existente no altar da igreja de Nossa Senhora da
Penha e da página em que estava aberta na manhã de ontem, quando a
reportagem do jornal Cruzeiro do Sul esteve lá para
entrevistar Paulo Roberto Ferreira Camargo, conhecido com Beto Zen,
idealizador e organizador da Caminhada da Penha, que neste ano completa
sua 16ª edição e ganhou conotação religiosa de romaria. A caminhada tem
saída amanhã, às 4h, na Paróquia São José (ao lado da fábrica Fiação
Alpina), no bairro da Chave e segue até o destino final na região da
Serra de São Francisco, com chegada prevista para 8h, na tradicional
Capela da Penha - construída no século XVII.
Milhares de pessoas devem amanhã testar sua fé - a mesma transcrita no trecho da bíblia - caminhando de madrugada por 20 quilômetros - 9 quilômetros no asfalto (entre os bairros Chave, Barra Funda, Santo Antônio II e estrada da represa Itupararanga) e 11 quilômetros de terra pela Serra de São Francisco, pela estrada da Capela da Penha. Entre pó, pedra, frio e necessidade de força física, durante todo o trajeto, os romeiros serão agraciados com a natureza. Beto Zen disse que no ano passado, a 15ª edição foi feita em baixo de chuva que caiu sobre a vegetação (relva) e também nos romeiros. "Este ano a previsão não é de chuva, mas vamos ver né. O frio é certeza que vai ter", acreditou, ao passar num trecho que será percorrido amanhã.
A Caminhada da Penha começou com uma brincadeira ou quase uma aposta feita entre amigos no bar de propriedade de Beto Zen. Naquele primeiro ano, o evento que começou, no dia 31 de março e terminou no 1º abril, teve apenas poucos participantes. "Foi conversa de bar, entre 20 amigos e acharam que era brincadeira. Fomos em cinco pessoas e depois juntou mais e nós fomos. No outro dia, as pessoas que não foram, acharam que era mentira, por causa do Dia da Mentira." O evento ganhou, da quinta edição em diante, uma finalidade mais religiosa e começou a ter missa campal, organizada primeiramente pelo padre Paulo Roberto Gonzales.
Milhares de pessoas devem amanhã testar sua fé - a mesma transcrita no trecho da bíblia - caminhando de madrugada por 20 quilômetros - 9 quilômetros no asfalto (entre os bairros Chave, Barra Funda, Santo Antônio II e estrada da represa Itupararanga) e 11 quilômetros de terra pela Serra de São Francisco, pela estrada da Capela da Penha. Entre pó, pedra, frio e necessidade de força física, durante todo o trajeto, os romeiros serão agraciados com a natureza. Beto Zen disse que no ano passado, a 15ª edição foi feita em baixo de chuva que caiu sobre a vegetação (relva) e também nos romeiros. "Este ano a previsão não é de chuva, mas vamos ver né. O frio é certeza que vai ter", acreditou, ao passar num trecho que será percorrido amanhã.
A Caminhada da Penha começou com uma brincadeira ou quase uma aposta feita entre amigos no bar de propriedade de Beto Zen. Naquele primeiro ano, o evento que começou, no dia 31 de março e terminou no 1º abril, teve apenas poucos participantes. "Foi conversa de bar, entre 20 amigos e acharam que era brincadeira. Fomos em cinco pessoas e depois juntou mais e nós fomos. No outro dia, as pessoas que não foram, acharam que era mentira, por causa do Dia da Mentira." O evento ganhou, da quinta edição em diante, uma finalidade mais religiosa e começou a ter missa campal, organizada primeiramente pelo padre Paulo Roberto Gonzales.
O caráter religioso ganhou mais força também quando a imagem de Nossa Senhora da Penha começou a acompanhar a caminhada. Ela é levada de caminhão da Paróquia São José até a Capela da Penha. Depois da caminhada, a imagem, de 1,20 metro, arte barroca talhada em madeira, esculpida por Chico Santeiro, fica alojada na igreja do bairro Carafá. No primeiro domingo de setembro, quando é aniversário de Nossa Senhora da Penha, a comunidade do Carafá leva em carreata a imagem para a Paróquia São José. "O que traz as pessoas até aqui com certeza é a fé. Fazer este trajeto, que é pesado, principalmente quando entra na parte de terra, tem que existir um sentido. A pessoa acordar às 3h da manhã."
A fé
Devota de Nossa Senhora da Penha, Filomena Aparecida Mendes de Oliveira Moraes é a prova clara do que pontuou Beto Zen. Dona Filomena vai participar da Caminhada da Penha pela décima vez e sempre pediu para comprar a casa que mora alugada no bairro Carafá, na Serra de São Francisco. "Sete anos fiz meu objetivo na caminhada e vou este ano para agradecer mesmo por ter comprado aqui minha casa. Viu que já tá abrindo poço e vai dá água. A fé remove montanhas."
Ela disse que no ano passado não pôde ir, devido a dores na perna por causa da artrose e também diante da chuva. A ausência da caminhada foi alvo de um comentário entre ela e o marido Heleno Monari. "Falei pra ele que achava que não era pra eu ir, porque ela (a santa) não tinha completado o objetivo desse ano. Chegou em junho eu comprei e a caminhada foi em abril. Depois de dois meses, eu consegui comprar. Então vou pra agradecer."
A dona de casa Filomena antes percorria os 20 quilômetros, só que agora diante dos problemas de saúde, por causa também do Lúpus (doença autoimune em que o sistema imunológico do corpo ataca tecidos saudáveis por engano), vai percorrer a pé seis quilômetros, ida e volta de sua casa até a Capela da Penha. Ela acredita que Nossa Senhora da Penha entende suas limitações em não mais poder fazer a romaria inteira. "Acho que ela fala pra mim que seis quilômetros eu posso fazer, de ida e volta." Ela disse que já foi criticada por outras pessoas, que diziam que ela sempre fazia a romaria e não obtinha cura para sua doença. "O meu já caiu cabelo, tô com rosto tudo manchado e uso bloqueador solar 100. Só que eu não desisto. Só que toda pessoa tem que carregar uma cruz e um fardo na vida e o Lúpus não tem cura."
O local da sua casa - situada nas proximidades da Capela da Penha - e também o fato de ir morar na rua que tinha o nome do seu genro, Pedro Monari, não foram um mero acaso para dona Filomena. Ela acredita que Nossa Senhora da Penha foi quem a guiou até sua atual residência. "Foi o objetivo que ela que me trouxe, porque como que eu vim pra cá. É ou não é?"
Regionalização
Segundo Beto Zen, a Caminhada da Penha se regionalizou e hoje recebe romeiros de cidades como São Roque, Sorocaba, Mairinque, Piedade, Araçoiaba da Serra, Iperó e São Paulo. No ano passado, informou ele, os dados oficiais da Polícia Militar (PM) foram de que 3.800 romeiros percorreram o trajeto. Neste ano, citou o organizador, devido a falta de tempo, não deu tempo para organizar as camisetas e a troca de alimentos será espontânea, com a entrega na Paróquia São José.
Na chegada à Capela da Penha, a partir das 7h, os primeiros romeiros serão recepcionados pela orquestra de viola caipira. Haverá ainda queima de fogos e depois a missa campal no local. Haverá uma barraca com a venda de salgadinhos e refrigerantes, que será explorado por uma entidade beneficente. Por volta do meio dia, os romeiros serão levados de ônibus até o terminal de Votorantim gratuitamente, com apoio recebido da Auto Ônibus São João.
Além da São João, a Caminhada da Penha teve apoio recebido da prefeitura de Votorantim, por intermédio de várias secretarias. Durante todo o trajeto os participantes serão acompanhados pela Guarda Civil Municipal, além do apoio da Polícia Militar. Haverá ainda uma ambulância e carros de apoio pelo percurso.
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