Seis escolas de Votorantim estão passando por um processo de transformação que terá repercussões nos próximos anos para toda a comunidade escolar e também o entorno onde estão localizadas. Isso graças a um projeto de protagonismo juvenil, que estimulou os alunos a plantarem árvores nas escolas. Essas árvores, em alguns anos, contribuirão para a melhoria da biodiversidade local, da qualidade do ar, e também com o lazer dos estudantes, que poderão passar as horas do intervalo debaixo de suas sombras.
O projeto, intitulado Coletivo Jovem de Protagonismo Ambiental (Cojopa), teve início em agosto e segue até dezembro, na rede estadual de ensino de Votorantim, e é voltado a estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. A ação é desenvolvida pela ONG Pé de Planta, em parceira com a Votorantim Energia, por meio do Instituto Votorantim, e Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo (Seed).
Conforme o biólogo Vitor Hugo de Campos Fonseca, educador ambiental da ONG Pé de Planta, a ideia é ressaltar a importância de trabalhar em equipe, por isso os jovens foram divididos em grupos para as ações. "Eles passaram a perceber que os problemas sociais são coletivos e, se eles se organizarem, poderão resolver uma série de coisas. Às vezes, eles nem têm noção do que são capazes de fazer", diz.
Vitor Hugo afirma que a primeira parte é teórica e depois vem a prática. "A gente propõe algumas missões e eles vão pontuando. No final do projeto terá premiação", destaca.
De acordo com Daniela Gerdenits, consultora de Responsabilidade Social da Votorantim Energia, o projeto possibilita que os jovens construam ações que transformem positivamente a sociedade onde vivem. O Cojopa estimula a criação de um coletivo jovem, que seja independente e autônomo, com capacidade de realizar ações de intervenção socioambiental com responsabilidade, tanto dentro, quanto fora da escola.
Em grupo
O projeto é dividido em cinco módulos: Protagonismo, Cidades, Floresta, Biodiversidade e Cerimônia de Encerramento. No módulo Florestas, foi falado sobre a importância da natureza para a sobrevivência humana, e o destaque foi o sonho de cada um. Nesse momento foi a hora do plantio. A muda representou simbolicamente cada objetivo de vida do aluno, que deverá dedicar-se a essa planta até o seu estabelecimento, ou seja, seu crescimento. "Para eles verem que um sonho precisa também de dedicação, é preciso regar, cuidar, para que ele se realize", resumiu Débora Adriana Pereira Godinho, professora de Ciências da Escola Estadual Antonieta Ferrarese, onde a reportagem esteve para conferir o resultado.
Os alunos foram divididos em grupos e realizaram o plantio em conjunto. Débora afirma que o projeto ajudou a terem uma visão mais crítica sobre a realidade em que vivem e passaram a refletir sobre seu papel de cidadão. "O projeto contribuiu para mudar conceitos neles, principalmente com relação ao consumo desenfreado", diz.
Conforme a professora, ela percebeu que os alunos passaram a entender a importância das ações deles para o meio ambiente. "Aprenderam que tudo o que consomem, tiram recurso da natureza. Também aprenderam que a energia deve ser usada com consciência, porque as fontes se esgotam."
Os estudantes entrevistados, representando os seus grupos, disseram que a experiência tem sido muito positiva para eles. "A gente não tinha muito convívio com o meio ambiente, somos muito virtuais, então aprendemos como cuidar não só das plantas, mas da cidade", comenta Luana Maria de Almeida, 15 anos, aluna do 9º ano A.
Luana ainda afirma que agora tenta explicar para as pessoas ao seu redor o que pode acontecer se jogar lixo no chão. "Tudo o que a gente faz tem consequências", acrescenta ela, que levou o conhecimento adquirido na escola para dentro da sua casa. "Estou colaborando com a reciclagem, pois isso ajuda a diminuir a quantidade de lixo que vai para o aterro."
Ela também tem evitado deixar a televisão ligada na casa quando ninguém está assistindo, deixou de acender a luz durante o dia, e ainda passou a retirar o carregador do celular da tomada após o uso.
Thiago Santos Uguetto, 14 anos, 9º ano A, diz que o projeto tem ajudado ele e seus colegas a serem cidadãos de bem. "Estamos aprendendo a valorizar a cidade e cuidar do que ela dispõe", diz ele. Na rua onde mora, Thiago conta que tem um terreno grande e ele também plantou árvores lá. "Também passei a reciclar mais e economizar energia."
Luana e Thiago fizeram parte do mesmo grupo que plantou na escola, entre outras árvores, a Aurora. Não souberam dizer que fruta é, mas a nomearam assim como homenagem, para que cresça bem bonita. "Nos inspiramos na aurora boreal, que é algo brilhante, para nos referir à beleza da árvore."
Já a Gabriela de Paula Aguiar, 13 anos, estudante do 8º B, também está esclarecendo outras pessoas sobre o tema e ajudando a cuidar mais da cidade. Ela plantou cerejeira e pitangueira na escola e levou para casa mudas de abacaxi e morango. "Antes não reciclava em casa e depois que aprendi, falei para a minha mãe e começamos", conta Gabriela. Seu grupo escolheu para a pitangueira o nome Castiel e para a cerejeira Crowley, que fazem referência a uma série televisiva.
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